Carta do Senhor Arcebispo de Évora aos Jovens

 

Cristo com os jovens: Os jovens com Cristo

 

 

1. Ao longo dos últimos 3 anos a diocese desenvolveu um plano pastoral sobre a família. As relações entre o sector juvenil e o sector familiar são evidentes. A família continua a deter uma importância educativa decisiva na vossa fase etária; e, por outro lado, se quisermos garantir comunidades eclesiais sólidas para o futuro, é necessário preparar os jovens para que assumam amanhã as suas responsabilidades, no campo familiar e em outros campos na vida da Igreja e da Sociedade.

2. Toda a Arquidiocese é chamada a colaborar activamente naquele projecto; haverá instâncias e pessoas que assumirão nele particulares responsabilidades. Destacamos, entre outros, o departamento diocesano da pastoral juvenil, os párocos, os dirigentes de associações e movimentos juvenis.

Mas convém sublinhar que um projecto juvenil, não se poderá concretizar, se não houver uma colaboração efectiva dos próprios jovens. Foi por isso que resolvi dirigir-vos, caros jovens da Arquidiocese, a presente carta. Faço-o, como podereis calcular, com imensa alegria.

Vós sois a geração juvenil do início do novo milénio. Deixastes a idade de adolescência e, preparai-vos para viver a idade adulta. Sonhais já com o dia em que iniciareis a vossa profissão, mas sobretudo sonhais com o dia do vosso matrimónio, daquele passo decisivo para constituirdes a vossa família.

Para alguns de vós, este será o tempo de fazer o discernimento sobre uma vida de consagração a Deus e aos homens, como padres, religiosos ou leigos comprometidos com o Evangelho.

 A todos me dirijo, qualquer que seja o vosso percurso, com especiais sentimentos de amizade e comunhão.

3. A vossa situação perante a fé e a Igreja é, naturalmente, diversa de uns para os outros. As experiências vividas, quer do ponto de vista pessoal e familiar, quer do ponto de vista eclesial e social, terão contribuído para que tenhais uma atitude diversificada perante a fé.

Como me é grato recordar aqueles e aquelas que estão empenhados como catequistas e em actividades litúrgicas sócio-caritativas! Como não lembrar os numerosos jovens dos grupos paroquiais, dos movimentos apostólicos e das aulas de educação moral religiosa católica.

Alguns passaram por crises de fé – tão naturais na época do crescimento – e distanciaram-se da prática da vida cristã.

A verdade, porém, é que, na grande maioria, sois jovens cristãos, porque fostes baptizados. Boa parte fez a primeira comunhão e recebeu o sacramento da confirmação.

 

AO ENCONTRO DE JESUS CRISTO NA IGREJA

 

4. É objectivo deste projecto pastoral 2006-2007 promover um especial encontro com os jovens com Jesus Cristo e com a Igreja que Ele fundou, ou seja, como o povo dos seus discípulos. Um encontro que vem responder a inquietações, a anseios, a interrogações e projectos que trazeis dentro de vós e que dizem respeito ao vosso legítimo desejo de felicidade e realização pessoal.

Foi esta aspiração que certo jovem manifestou, um dia, a Jesus, ao perguntar-lhe, quando se cruzaram no caminho: “Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?” (Mc.10,17). O que estava fundamentalmente em causa era a vida e a felicidade daquele jovem. A resposta que Jesus dá às profundas aspirações dos jovens, a proposta que Ele continua a fazer, tem o mérito de ter sido já vivenciada com sucesso por muitos jovens de hoje como de ontem. Um sucesso que se exprime na alegria sincera, numa paz radiante, numa conduta digna.

O tempo da juventude não pode ser um período vazio, um tempo alheio à fé. Pelo contrário, deve ser o tempo duma renovada experiência e afirmação da fé. Tempo de inquietantes interrogações, mas de respostas tranquilizadoras; tempo de apelos e compromissos generosos no campo da justiça e da solidariedade, tempo de decisões de longo alcance.

Realidades humanas como a família, o amor e a sexualidade não podem deixar de estar presentes na vida de fé dos jovens. Estes, na sua reflexão pessoal, nos trabalhos de grupo, nos encontros comunitários irão buscar à mensagem de Jesus Cristo, luz e força interior para formar personalidades humanas e cristãs sólidas, esclarecidas e comprometidas.

5. Quando se fala em pastoral dos jovens, estamos a pensar em tudo isto. A fé cristã, a adesão pessoal a Jesus Cristo na Igreja, deve manifestar-se e resplandecer no mundo dos jovens.

Com a colaboração indispensável deles e com a participação efectiva das próprias famílias e comunidades, é necessário levar cada nova geração que vive o admirável tempo da juventude, a dar testemunho da sua fé. Imã fé no sentido integral, que é vida em Jesus Cristo; uma fé esclarecida pela Palavra de Deus e vivida na comunhão eclesial; uma fé alimentada na Eucaristia e renovada pelo Sacramento da Reconciliação; uma fé expressa no comportamento individual e social e no empenhamento em favor do próximo, em especial dos que mais necessitam.

Uma fé assim corresponde aos sentimentos e aspirações dos jovens, que por natureza, são atraídos pela esperança, pela alegria e pelo entusiasmo.

 

TODOS CONVOCADOS

 

6. Nesta hora em que vai ser posto em prática o plano pastoral, dirijo, pois, com plena confiança, uma palavra de apelo a cada u de vós, caros jovens, sem excepção. Um plano pastoral como este assenta fundamentalmente sobre os próprios jovens. Se os adultos-pais, sacerdotes, professores – não podem obviamente considerar-se dispensados, sereis vós, jovens, os principais protagonistas. Todos devem estar disponíveis para dar e para receber. 

 

Évora, 15 Setembro de 2006